LOCKHEED MARTIN F-117 NIGHTHAWK. O início de uma nova era.

DESCRIÇÃO
No segmento do desenvolvimento da tecnologia aérea, uma das muitas “peripécias” que se buscou por muitas décadas, desde o fim da segunda guerra mundial, foi a de construir uma aeronave de combate que fosse invisível, ou extremamente difícil de ser detectada pelo radar, o principal sensor de controle aéreo, usado desde aquele período. Os Estados Unidos aproveitaram a engenhosidade de muitos nomes de sua industria, assim como um estudo de um matemático russo chamado Pyotr Ya. Ufimtsev que publicou sua teoria da difração aplicada em ondas curtas e que foi, aparentemente, deixada de lado pelo governo russo. Duas empresas foram escolhidas a apresentarem soluções para esse desafio tecnológico, a Lockheed Martin e a Northrop Grumman.
Assim, os modelos desenvolvidos para testar o conceito da tecnologia stealth em aeronaves tinham um desenho facetado, com o objetivo de desviar o reflexo das ondas de radar para longe da antena receptora, e assim, diminuir ao máximo, a chance de ser detectado.
O modelo da Lockheed Martim foi escolhido, em março de 1976, pois sua furtividade era eficaz em todos os ângulos, e não só de frente como o modelo da Northrop.
Acima: O protótipo Have Blue 1001, foi o modelo que validou na pratica, a teoria aplicada no desenho da fuselagem do primeiro jato de combate invisível.
O programa de desenvolvimento do avião invisível, nesse ponto, passou a ser chamado de Have Blue, um nome que tinha o objetivo de confundir os observadores internacionais, sobre o programa. Como em todos os programas de desenvolvimento para aeronaves de combate, em maior ou menor grau, modificações são incorporadas no protótipo visando seu aperfeiçoamento para que o produto final seja o mais perfeito possível, dentro do que a força aérea requisitou. O Have Blue foi aperfeiçoado com diversas mudanças aerodinâmicas e o modelo que se tornou definitivo passou a ser chamado de Sênior Trend. Entre as maiores diferenças entre o Have Blue e o Sênior Trend, estavam o desenho das superfícies de controle verticais que no modelo definitivo eram montadas em “V”, enquanto que no protótipo Have Blue, eram inclinadas para dentro. Outra diferença foi o aumento do tamanho da aeronave que precisava ter uma boa autonomia e transportar suas armas internamente. O primeiro vôo da versão definitiva do Sênior Trend ocorreu em julho de 1981 e sua entrada em serviço ocorreu em outubro de 1983. O programa foi levado a cabo em sigilo e mesmo havendo rumores sobre a existência de um modelo invisível na USAF, o comando da força aérea nunca admitia que isso era verdade. Lembro, que naquela época, os boatos davam conta de que o caça invisível se chamava F-19, e muitos desenhos superfuturistas eram publicados em revistas e livros especializados em aviação militar mostrando linhas elegantes e curvilíneas. Todos os desenhos apresentados eram muito diferentes do real aspecto que o primeiro jato furtivo do mundo tinha. A primeira fotografia oficial do jato invisível foi publicada em novembro de 1988 e era uma foto de péssima qualidade, mas que deixava claro ser uma aeronave completamente diferente de tudo que já havia voado.
Acima: O inconfundível desenho do F-117 com sua cor negra, leva aos clássicos projetos da Skunk Works, responsável pelos projetos secretos da Lockheed Martin.
O novo caça, que não se chamava F-19 como era afirmado pelas publicações da mídia, foi batizado de F-117A Nighthawk. O que se viu foi uma aeronave de cor negra e com desenho totalmente facetado que mais se parecia um erro de projeto do que um avião que realmente voasse. As entradas de ar do motor são cobertas por uma espécie de tela metálica para ajudar na eliminação do eco radar que vem das palhetas do motor, dentro do duto das entradas de ar. Nesse ponto, é importante salientar que o F-117 só consegue voar devido a um avançado sistema FBW (fly by wire), derivado do sistema usado no ágil caça F-16, que promove uma estabilidade artificial durante o vôo de forma que, se esse sistema falhar, certamente o avião vai para o chão. O sistema FBW do F-117 não é o único sistema que veio de um modelo já em linha de produção. Os motores, por exemplo, são o General Electric F-404-GE-F1D2, uma versão sem pós-combustor do F-404 usado no caça naval F/A-18 A/C, que produz um empuxo unitário de 4900 kgf de potência. Esse desempenho proporciona uma pequena relação empuxo peso, na ordem de 0.40, o que se traduz em um desempenho de vôo subsônico, com uma velocidade máxima de 1040 km/h, porém com boa autonomia. O F-117 tem um raio de ataque de 860 km, o que pode ser considerado muito bom, uma vez que o F-117 não transporta combustível externo. Porém, na pratica sua autonomia pode ser considerada quase que ilimitada uma vez que ele pode ser reabastecido em vôo. A opção pelo uso da versão sem pós-combustão foi devido a necessidade de manter uma furtividade infravermelha, além da invisibilidade ao radar. Assim, sistemas de busca por calor (IR) são prejudicados para conseguir detectar o F-117, tornando o avião, um alvo muito mais difícil para mísseis guiados ao calor e sensores passivos IRST de aeronaves.
Mais recentemente, os F-117, receberam sistema de GPS integrado a um giroscópio a laser, que substituiu o antigo sistema de navegação inercial, que também tinha sido herdado do veterano bombardeiro B-52. O painel do F-117 é típico dos painéis de aeronaves de combate dos anos 80, mesclando displays multifunção, com instrumentos analógicos. Um HUD (Head Up Display) é usado para navegação e durante o procedimento de ataque, como nas aeronaves de seu tempo.
Acima: O painel do F-117 é bastante similar ao usado por caças convencionais de sua epoca, como o F-16 Fighting Falcon.
O F-117 não possui radar e por isso depende de dados recebidos de outras aeronaves além dos dados que são previamente carregados no computador de missão. Os sensores principais são o FLIR (Foward looking infrared), um sistema de detecção por calor, montado a frente do cockpit, e o sensor designador de alvos DLIR (Downward Looking Infrared), que é montado na parte de baixo da fuselagem, que além do FLIR, ainda conta com um iluminador/ designador de alvos a laser para guiagem de armas guiadas a laser. O alcance de detecção do FLIR do F-117 é de 32 km aproximadamente, o que representa a metade do que se conseguem com um sistema IRST moderno usado nos caças Rafale, Typhoon, ou mesmo nos russos da família Flanker e Fulcrum.
Acima: Deste ângulo pode-se observar as finas saídas de ar do motor que foram projetadas para resfriar os gases do escape a fim de manter uma discrição infravermelha. O F-117 foi o primeiro avião projetado com foco total na sua invisibilidade, tanto eletromagnética quanto infravermelha.
O armamento do F-117 é exclusivamente voltado para operações de ataque a alvos terrestres, sendo que ele não transporta nenhuma arma para combates ar ar. O foco do projeto foi apontado exclusivamente para a capacidade de penetrar densas defesas antiaéreas impunemente, e por isso, o armamento é transportado em dois compartimentos internos sob a fuselagem que só expõe as armas no momento do lançamento. O armamento principal é, sem sombras de duvidas, as diversas bombas guiadas a laser da família Paveway, principalmente os modelos GBU-24 Paveway III, GBU-27 Paveway III, GBU-12 Paveway II e GBU-10 Paveway. Porém o míssil anti-radar AGM-88 HARM e o míssil ar terra AGM-65 Maverick, podem ser transportados também.
Acima: As armas do F-117 só ficam exposta no momento do lançamento. Notem a porta do compartimento aberto, enquanto que esta GBU-27 paveway III é lançada.
O F-117 foi retirado de serviço em 2008, quando foram substituídos pelos caças F-22 Raptors, que são mais rápidos, bem armados e capazes de se defender sozinhos, o que o F-117 não seria capaz. O F-117 foi o primeiro caça invisível e por ser o pioneiro, ele trouxe algumas restrições bastante complicadas. O F-117 não manobra bem e sua baixa velocidade e pouca potencia, somado ao fato dele não ser armado com mísseis ar ar, o tornaram extremamente dependente de sua furtividade para se manter vivo no teatro de operações. Se ele fosse visto, visualmente, ou mesmo, por um radar que estivesse próximo demais dele, ele poderia ser interceptado sem conseguir se defender. Na guerra da Yugoslavia, um F-117 foi abatido por um velho missil antiaereo russo SA-3 Goa quando voltava para sua base após uma missão. Esse evento foi muito marcante para uma aeronave que era considerada invulneravel a armas guiadas a radar até esse momento.
O F-22 supera com folga o desempenho do F-117 e ainda é plenamente capaz de se defender, caso seja visto por um interceptador inimigo. Porém, mesmo fora de serviço, os F-117 estão armazenados em condição de serem trazidos de volta ao serviço operacional com rapidez. Por isso todos os sistemas da aeronave serão mantidos normalmente, para o caso de necessidade urgente.
Acima: Com o recurso de reabastecimento em vôo, o F-117 tem autonomia, praticamente, ilimitada. Ao todo, foram produzidos 59 unidades do F-117.
FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,92 (1040 km/h).
Potência: 0,40.
Fator de carga: 6 gs.
Teto de serviço: 15240 m (estimado).
Raio de ação/alcance: 860 km/ 1720 km.
Empuxo: 2 motores General Electric F-404 GE-F1D2 com 4900 kgf de potência máxima cada.
DIMENSÕES
Comprimento: 20 m.
Envergadura : 13,20 m.
Altura: 3,78 m.
Peso vazio: 13380 kg (vazio).
Armamento: 20268 Kg de armas que podem ser: Bombas guiadas a laser GBU-10, GBU-12, GBU-24 e GBU-27; Mísseis AGM-65 maverick e AGM-88 HARM.
Acima: Um desenho em três vistas do F-117A Nighthawk.
ABAIXO TEMOS UM VÍDEO COM ALGUMAS IMAGENS DO F-117.
Fontes: Livro Tudo sobre aviões de combate, editora Altaya; Livro Asas de Guerra, editora Planeta; Site Global Security; Site Air Force technology; Site Vectorsite; Site Military Today; Site Sistemas de Armas; revista Air Combat, suplemento especial sobre F-117.
Nenhum comentário:
Postar um comentário